Diretor do Conselho Nacional Eleitoral denuncia 'falta de transparência e de veracidade' em eleição na Venezuela
O candidato de oposição, Edmundo González, foi convocado pelo Ministério Público para depor nesta segunda-feira (26), mas não compareceu. Em vídeo, ele acusa o procurador-geral, que fez uma nova convocação para esta terça. Nicolás Maduro diz que Venezuela está sofrendo uma tentativa internacional de desestabilização em reunião conjunta do Conselho de Estado, em 30 de julho de 2024.
Reprodução/Maduro no Youtube
Um dos diretores da autoridade eleitoral da Venezuela denunciou, nesta segunda-feira (26), "irregularidades" nas eleições de 28 de julho, nas quais o presidente Nicolás Maduro foi proclamado reeleito para um terceiro mandato consecutivo de seis anos, em meio a alegações de fraude pela oposição.
Juan Carlos Delpino foi um dos cinco reitores do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), representou a oposição e está escondido.
Ele falou em um comunicado divulgado através de suas redes sociais e diz que não estava presente quando os resultados foram contabilizados porque as testemunhas da oposição foram retiradas durante o encerramento das mesas receptoras com a justificativa de uma interrupção da transmissão dos resultados "devido a um suposto hacking".
"Segundo os protocolos, a transmissão dos resultados deve ser feita imediatamente ao encerramento das mesas. Porém, nesse período, a transmissão foi interrompida e justificada por um suposto hack, com um silêncio e atraso não explicados", explicou.
O "ciberataque terrorista" foi a explicação do governo para não divulgar os detalhes da votação em cada seção. Maduro foi proclamado eleito pelo CNE com 52% dos votos. A oposição liderada por María Corina Machado afirma que tem provas de que houve fraude e da vitória do seu candidato, Edmundo González Urrutia.
Após a publicação dos resultados pelo CNE, protestos eclodiram com 27 mortos, além de 200 feridos e cerca de 2.400 detidos, chamados por Maduro de "terroristas".
"Tudo o que aconteceu antes, durante e depois das eleições presidenciais indica a gravidade da falta de transparência e veracidade dos resultados anunciados. Lamento profundamente que o resultado e seu reconhecimento não sirvam a todos os venezuelanos, que não resolva as nossas diferenças, não promova a unidade nacional e que em seu lugar haja dúvidas entre a maioria dos venezuelanos e a comunidade internacional sobre os resultados", escreveu.
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Candidato de oposição investigado
Na quinta-feira (22), após um recurso de Maduro para "certificar" as eleições por causa da intensa pressão internacional, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), acusado de servir ao governo, validou os resultados e acusou González Urrutia de "desacato" por não comparecer às audiências.
O candidato de oposição, que está sendo investigado, foi convocado pelo Ministério Público a depor nesta segunda, mas não compareceu.
Em um vídeo postado nas redes, González atacou o procurador-geral da República, Tarek William Saab:
"O procurador-geral da República tem se comportado reiteradamente como um acusador político. Condena por antecipação e agora promove uma intimação sem garantias de independência e do devido processo. O Ministério Público pretende submeter-me a uma entrevista sem especificar em que condição devo comparecer (acusado, testemunha ou especialista, segundo a lei venezuelana) e com a pré-qualificação de crimes não cometidos".
Com o não comparecimento, o Ministério Público venezuelano fez uma nova convocação para esta terça-feira (27).
"Edmundo González foi convocado pela segunda vez para comparecer nesta terça-feira ao Ministério Público", escreveu o procurador Tarek William Saab em uma mensagem à agência de notícias AFP, que acompanhou uma cópia da intimação.
O ex-candidato é investigado por suposta prática de crimes como "usurpação de funções" e "falsificação de documento público".
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